O ETERNO SIM
O homem é um ser
estranho. Sentimo-nos como eternos exilados, como devorados por saudades
infinitas de Alguém que nunca vimos. Estranhas saudades! Essas saudades, creio
eu, só as tem quem é humilde. Ora Maria foi fundamentalmente humildade.
A nossa vida é uma
peregrinação na fé e como todos nós (estes seres estranhos), Maria foi
descobrindo o mistério de Deus com a atitude típica dos pobres de Deus:
abandono, busca humilde, disponibilidade confiante. Como nós a Mãe também teve
que peregrinar entre ruas vazias e vales escuros, buscando pouco a pouco o
Rosto e a vontade do Pai.
Para mim uma das
passagens mais preciosas da Escritura é esta: “eis a escrava do Senhor; faça-se
em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Vemos aqui aquela pobre moça, como
adulta na fé, cheia de paz, humildade e doçura, confiar-se e entregar-se
“Faça-se!”, está bem meu Pai.
Maria dá o sim da
sua vida sem outro motivo senão a sua fé e o seu amor. O sim eterno… Como nos
diz Schelkle, Maria é o protótipo do crente. Com este sim eterno a Mãe entra
então na corrente dos pobres de Deus que depositam a sua confiança nas mãos
todo-poderosas e todo-carinhosas do Pai.
Caros leitores
reflecti nesta Mãe que manifesta uma tremenda confiança, um abandono tremendo mas
do Pai.
Neste tempo do
Advento olhemos para Maria que com o seu eterno sim entrega-se sem reservas com
os braços postos ao alto com o seu “Faça-se” que se traduz no ámen à noite de
Natal em Belém, sem casa e sem berço.
A Senhora por ter
acreditado transforma-se em Mãe de Deus, bendita entre todas as mulheres, a
cheia de graça e proclamada bem-aventurada pelas gerações.
Maria não pergunta,
não duvida nem exige garantias, dá o seu sim! E nós?
Nuno Fidalgo
Fotos: Google imagens
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