A VERDADE DO RESTAURO DA IMAGEM DE SANTA ANA DE FURNAS

ESCLARECIMENTO

“Arrepiado” ficamos nós ao sermos contactados por uma jornalista do “Açoriano Oriental” a sugerir que nos defendêssemos sem sabermos de qual acusação. Finalmente, na manhã de Domingo, dia 22 de Setembro, a sentença estava expressa na página 13 do referido diário, proferida pelo Sr. Padre Duarte Melo, Presidente da Comissão dos Bens Culturais da Diocese. Mais “arrepiados e tristes” ficamos porque a Igreja já não é o que era: sem contactar previamente a Comissão para os Assuntos Económicos da Paróquia de Santa Ana de Furnas, o Sr. Padre Duarte Melo prefere “dialogar”, ou melhor “condenar”, pelo jornal…

O artigo foi lido e relido e, em abono da verdade, sentimo-nos na obrigação de explicar o seguinte:

1.     Julgamos que o nosso Pároco tem bom gosto e discernimento suficiente para conduzir connosco os destinos do património da paróquia. Desta forma, não nos sentimos obrigados, em consciência, a pedir opinião à Comissão de Bens Culturais uma vez que não comparticipa economicamente em nenhum restauro que se faça. 

2.     A imagem de Santa Ana foi intervencionada no final da década de oitenta, princípio da década de noventa e, nesta má intervenção, perdeu o estofo originário do Séc. XVIII. Por se encontrar muito danificada e sem pintura de valor histórico decidiu-se voltar a dotar a imagem do seu esplendor original com uma nova pintura com estofo de ouro de lei, à semelhança das pinturas da época e respeitando as tonalidades das cores e os motivos decorativos.

3.     Se a imagem tivesse sido intervencionada por amadores, utilizando tinta de portas e janelas, como há muitas por aí, compreenderíamos os “arrepios, a indignação e a tristeza” do Sr. Padre Duarte Melo. Mas não foi este o caso.

4.     A beleza é um atributo de Deus. Através da beleza os fiéis têm uma porta aberta para o transcendente. As igrejas não são museus nem salas de exposições mas locais de encontro com Deus e com os outros. Há o perigo sério da corrente museológica nos fazer olhar as imagens simplesmente como peças de arte com valor apenas histórico. Imagens que estão em museu e imagens que estão ao culto tem funções diferentes e devem ser tratadas de forma diferenciada, respeitando sempre, é claro, o património como foi o nosso caso.

5.     Chocou-nos a comparação da imagem da nossa padroeira com a barbie (embora as bonecas barbies sejam as que melhor seguem o padrão de beleza feminina do mundo contemporâneo). Julgamos ser uma comparação pouco feliz e vinda de um padre ainda mais infeliz se torna.

6.     A empresa “Domingos Rodrigues da Silva” é uma casa de gente séria e que segue padrões de excelência exigentes. A obra espalhada em várias igrejas na ilha de São Miguel bem o pode comprovar. A imagem foi estudada e, observando-se que já nada existia da pintura original, optou-se por esta solução. Caso diferente seria se a imagem estivesse intacta, o restauro seria apenas de limpeza e de consolidação como já se tem feito em outras imagens, algumas das quais pertencentes a paróquias do nosso pároco. O relatório técnico já foi enviado para os serviços da cúria diocesana e está ao dispor de quem o quiser consultar, com todas as etapas de estudo sugeridas pelo sr. Padre Duarte Melo.

7.     Quanto ao licenciamento das obras de restauro, temos a dizer o seguinte: de 4 em 4 meses as paróquias enviam para a Diocese de Angra 10% da sua receita bruta. Mesmo em tempos de obras avultadas esta percentagem nunca nos é perdoada. A pergunta que se impõe é a seguinte: se é o nosso povo que paga tudo que sentido faz serem as Comissões da Diocese a darem o seu parecer? E se dúvidas existirem, os serviços da diocese estão para aconselhar, não para nos fiscalizar nem muito menos para fazerem manchetes nos jornais denegrindo a imagem de quem quer trabalhar com seriedade e honestidade.

8.     Para nós, mais importante que as “azias matinais” de algumas pessoas, está a alegria e o bem-estar espiritual do Povo do Vale das Furnas que acolheu com muita alegria e entusiasmo a chegada da sua padroeira.

Esperando que o caso tenha ficado bem explicado.

Vale das Furnas, 26 de Setembro de 2013

A Comissão para os Assuntos Económicos da Paróquia de Santa Ana de Furnas





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