Nota Pastoral de D. António Sousa Braga
«CREIO NA IGREJA»
Estamos
na parte final do Ano da Fé. Ora, a fé é dom, que recebemos através da Igreja.
É um acto pessoal, na medida em que é uma escolha livre e voluntária. Mas é, ao
mesmo tempo, um acto comunitário e eclesial: acreditamos como comunidade e na
comunidade cristã. Portanto, não tem sentido afirmar: “eu cá tenho a minha fé”.
A nossa é a fé da Igreja e na Igreja. É com esta fé e com renovado ardor
missionário, que iniciamos o novo ano pastoral, no 1º Domingo de Outubro, mês
das Missões.
Semana da Diocese
Com
esta mesma fé da Igreja e na Igreja, vamos celebrar, a 3 de Novembro, o Dia da
Diocese, com a feliz coincidência do aniversário da sua fundação (3 de Novembro
de 1534). Seguir-se-á a Semana da Diocese, em que somos convidados a reavivar esta
fé na Igreja e nesta Igreja Particular, que é a Diocese de Angra.
Cada
um, de algum modo, crê juntamente com a Igreja e crê no que a Igreja acredita.
“Esta é a fé da Igreja, que nos gloriamos de professar”, proclamamos na
celebração dos Sacramentos do Baptismo e do Crisma. A Igreja não é apenas
destinatária da Revelação; não vem depois da Revelação; faz parte da Revelação;
é objecto da Revelação. Por isso, ao celebrarmos o Dia e a Semana da Diocese,
queremos professar com toda a convicção: «Creio
na Igreja». Nesta Igreja, dispersa pelas nove Ilhas, mas unida, na mesma fé
e empenho missionário.
Expressão
dessa comunhão é a programação possível, que intentamos e que este ano pastoral
se concentra num maior empenhamento da Diocese na comunicação, nomeadamente com
o lançamento do Gabinete de Informação, de um Portal digital e de um Semanário
diocesano.
Como
acontece, todos os anos, os ofertórios do fim-de-semana de 2 e 3 de Novembro
destinam-se aos Serviços Centrais da Diocese. É uma expressão concreta de
solidariedade, nesta hora de dificuldades para todos. O último ofertório do Dia
da Diocese rendeu 12.378, 61 Euros.
Tenhamos
também presente que o 1º de Novembro deixou de ser feriado nacional, mas a
Igreja continua a celebrar, nesse dia, a Solenidade de Todos os Santos. Como é
um dia normal de trabalho, isso vai dificultar a manutenção da linda tradição
do “Pão por Deus”. Chamo a atenção das paróquias para esse facto. Convém que,
em diálogo com as escolas, vejam qual é o melhor caminho a seguir. Nada impede
que essa tradição, muito sentida e vivida nos Açores, passe para o Domingo
seguinte. É só experimentar.
Semana dos Seminários
De
10 a 17
de Novembro, celebra-se, em todo o país, a Semana dos Seminários. Não
deixaremos de assinalar, entre nós, essa ocorrência. Tanto mais que, em
Novembro, encerramos as comemorações dos 150 anos de fundação do Seminário
Episcopal de Angra. É um momento de acção de graças pelo que tem significado o
nosso Seminário para a Diocese e para os Açores. Este ano entraram sete novos
seminaristas, todos de S. Miguel. São ao todo 21. Rezemos pela sua perseverança
e apoiemos o nosso Seminário em todos os sentidos.
Nessa
Semana, os seminaristas visitarão algumas paróquias e terão iniciativas,
envolvendo jovens. É a melhor Pastoral Vocacional, porque é feita através do
testemunho.
Conselho Pastoral Diocesano
Na
Solenidade de Cristo Rei (24 de Novembro) é o encerramento do Ano da Fé. Nesse
fim-de-semana, realizaremos o Conselho Pastoral Diocesano (22-24 de Novembro),
que congrega fiéis leigos, representantes das Ouvidorias, dos vários Grupos,
Serviços e Movimentos.
É
uma ocasião única de avaliação e de programação pastorais, que, desta vez, vai
centrar-se: no balanço do Ano da Fé na Diocese; nas orientações pastorais para
2013/14, dominadas pelo tema: Comunicação Social e Nova Evangelização; e nas
perspectivas futuras de empenho missionário, a partir, sobretudo, dos desafios,
lançados continuamente pelo Papa Francisco.
Se,
na Quinta-Feira Santa, o Papa tinha pedido aos sacerdotes para serem pastores
«com o cheiro das ovelhas», a todos o baptizados Ele exorta a serem mensageiros
e testemunhas da Boa Nova da salvação, em todas as periferias, não só
geográficas ou sociológicas, mas também e, sobretudo, “existenciais” e
culturais.
Diz
textualmente o Papa Francisco: «Não compreendo as comunidades cristãs, que se
fecham nas paróquias». E referindo-se à parábola da ovelha tresmalhada,
adverte: «Digamos a verdade: hoje só temos uma ovelha (no rebanho); somos
minoria. Urge sair e ir ao encontro das noventa e nove» (que estão fora do
rebanho). Por todos os meios. Também melhorando e actualizando a nossa
comunicação.
Comunicação ao serviço da «cultura do
encontro»
É
a proposta do Papa Francisco. Deve inspirar a aposta da Diocese na Pastoral da
Comunicação, tendo presente as redes sociais, que dominam o mundo de hoje. Não
se trata apenas de servir-se delas como instrumento de evangelização, mas
também e, sobretudo, de entrar nessa cultura.
«O
grande continente digital – adverte o Papa – não é simplesmente tecnologia, mas
é formado por homens e mulheres reais, que trazem consigo aquilo que têm
dentro, as suas esperanças, os seus sofrimentos, as suas ansiedades, a busca do
verdadeiro, do belo e do bom (…). Assim, é importante saber dialogar, entrando
com discernimento, também nos ambientes criados pelas novas tecnologias, nas
redes sociais, para fazer emergir uma presença, uma presença que escuta,
dialoga, encoraja. Não tenhais medo de ser esta presença, afirmando a vossa
identidade cristã, ao fazer-vos cidadãos deste ambiente…». (Discurso à
Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 21 de
Setembro de 2013).
Evangelizar
é comunicar. E comunicar é fazer comunhão, criar comunidade. Fazer comunhão é
comunicar. E não há comunidade, sem comunicar. São tudo palavras, com a mesma
raiz: “pôr em comum”. Trata-se, pois, de «valorizar o potencial da comunicação,
num mundo, cada vez mais conectado e em rede, a fim de que as pessoas estejam
mais próximas umas das outras. (…).
«Uma
Igreja, companheira de estrada, sabe pôr-se a caminho com todos. Há uma regra
antiga dos peregrinos, que Santo Inácio adoptou (por isso é que a conheço). Diz
ele, numa das suas regras, que o companheiro de um peregrino, que faz a estrada
com o peregrino, deve caminhar com o passo do peregrino, nem ir mais adiante,
nem ficar para trás. Com isto quero dizer – remata o Papa Francisco - urge uma
Igreja companheira de estrada, que saiba pôr-se a caminho, como se caminha
hoje» (Ibid.).
Mãos
à obra, com o auxílio de Nossa Senhora do Rosário, que veneramos, de modo
especial, neste mês de Outubro!
+ António, Bispo de Angra
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