Cidade do Vaticano, 20 jan 2014 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) disse à Rádio Vaticano que a Igreja Católica sente a “urgência” de trabalhar para superar as divisões existentes entre Igrejas.
“As separações não podem corresponder à vontade de Cristo e temos de superá-las com urgência”, declarou o cardeal Kurt Koch, em entrevista por ocasião da Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos que decorre até sábado.
O responsável da Cúria Romana afirmou que o tema escolhido para este ano, ‘Estará Cristo dividido?’, coloca aos cristãos uma “questão provocatória”.
“Obviamente, Cristo nunca poderá estar dividido, o seu corpo nem sequer pode ser dividido, mas na história verificaram-se muitas cisões, muitas separações”, observou.
O cardeal suíço passou em revista as relações de “amizade, colaboração e fraternidade” com as Igrejas ortodoxas, admitindo que o atual debate interno sobre a questão do “primado” está a ser acompanhado com atenção pelo Vaticano.
O recente documento do Patriarcado Ortodoxo da Rússia sobre este tema é visto como “um facto que pode colocar dificuldades” ao diálogo ecuménico, exigindo que se “recomece a procurar um caminho” de entendimento.
“Infelizmente, no que diz respeito ao diálogo teológico, não houve nenhuma assembleia plenária desde 2010”, recordou ainda.
As relações entre Igrejas ortodoxas estão atualmente marcadas pela polémica entre a sede de Constantinopla (atual Istambul, Turquia) e a de Moscovo a respeito da questão do primado: Bartolomeu é considerado como primeiro entre iguais e foi apresentado por um artigo publicado no site do seu patriarcado como ‘primus sine paribus’ (primeiro sem iguais).
O Patriarcado de Moscovo, por sua vez, emitiu um comunicado com a sua posição teológica sobre o tema, no qual pretende limitar esse primado de Bartolomeu, considerando que o mesmo só existe em temas para os quais este tiver sido “mandatado para tal pelas Igrejas Ortodoxas locais”.
A tomada de posição recusa o consenso a que se chegou no chamado ‘Documento de Ravena’, de 2007, após um encontro na cidade italiana em que os representantes russos se recusaram a participar, por causa da presença de uma delegação da Igreja Ortodoxa da Estónia, cuja autonomia é reconhecida por Constantinopla mas não por Moscovo.
Em relação às comunidades protestantes, o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos sublinhou que “a Reforma é um fenómeno multifacetado, com vários aspetos”.
O guião da Semana deste ano foi preparado pelo Centro Canadiano para o Ecumenismo e o Centro ‘La Prairie’ para o Ecumenismo, partindo da experiência “num país marcado pela diversidade da língua, da cultura e mesmo do clima”.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
A comunidade católica integra hoje perto de 1200 milhões de fiéis; a segunda Igreja mais representativa, a ortodoxa, atinge os 250 milhões.
Luteranos (75 milhões), calvinistas/presbiterianos (80 milhões) e anglicanos (77 milhões) são as principais comunidades das chamadas ‘Igrejas tradicionais’ provenientes da Reforma, a que se juntam 60 milhões que se encontram ligadas ao metodismo.
OC
Comentários
Enviar um comentário