PROCISSÃO DOS ENFERMOS E 1ª DOMINGA NO VALE DAS FURNAS

A azáfama começou cedo, aliás já havia começado no dia anterior quando era necessário “picar” os ramos de criptoméria e escolher as pétalas que serviriam de tapete de honra à passagem do Senhor Sacramentado. De manhã bem cedo o Vale da Furnas acordou ao som do estoirar dos morteiros. Tudo estava alinhavado, desde a decoração da rua ao almoço que havia de ser servido a mais gente do que o habitual já que se tratava de um domingo de festa.

Perto das 14 horas os sinos repicaram na Igreja velhinha de Santana, era o sinal que a procissão iria ter lugar. A capela estava que nem um ovo e o adro estava cheio de fiéis que tinham esquecido as canseiras e vencido as distâncias em busca do alimento que só o Divino poderá ofertar.

Os músicos da filarmónica ensaiam as primeiras notas, as crianças, vestidas de branco abram duas alas chefiadas pela bandeira do Espírito Santo e encerradas com as coroas da 1ª dominga em honra do Divino. Outras crianças e adultos continuam a aumentar as alas onde levam algumas guloseimas para entregar aos 22 fiéis Furnenses que devido a diversas razões não podem ir à missa e, assim, vai o padre ministrar a comunhão a casa de cada um, onde após a bênção e a distribuição da santa hóstia, são deixadas as pequenas guloseimas.

O percurso é grande entre a Água Quente e as caldeiras, mas tudo é minimizado pelos tapetes de flores que servem de passagem, como também pelo respeito das pessoas que, em suas moradias, colocam nas janelas as suas melhores colchas e vestem os seus melhores trajes, ou estreiam a sua fatiota nova.

Depois do recolher da procissão é a missa solene. Junta-se depois a família, chamam-se os amigos, matam-se saudades, do longe se faz parte. Provam-se os petiscos com os tradicionais sabores antigos. Cada lar respira a festa e torna-se num céu aberto. Mas esta é uma festa diferente. Não há arraial, nem música no adro. As pessoas recolham a casa na saudade de mais um ano ter passado. Até ao próximo ano.

Fotos de: João Costa; José Viveiros; Emanuel Costa; Vale das Furnas 

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