CARDEAL-PATRIARCA ESPERA MUDANÇAS NA LEI PORTUGUESA SOBRE O ABORTO
D. Manuel Clemente
recorda necessidade de apoiar a maternidade
O
presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente,
defendeu hoje mudanças na lei portuguesa sobre o aborto e pediu maior apoio à
maternidade.
“Em
Portugal, tal [o aborto] atinge uma grande quantidade de vidas humanas, cuja
gestação é interrompida ao abrigo duma lei que as não protege”, disse o
cardeal-patriarca de Lisboa, no discurso de abertura da 186.ª assembleia
plenária do organismo episcopal, que decorre até quinta-feira.
O
responsável recordou a Iniciativa Legislativa de Cidadãos que reuniu cerca de
50 mil assinaturas para que a Assembleia da República “veja e reveja o que está
e não está a ser feito neste campo”.
“Foi
tal o envolvimento dos subscritores, que algo de novo e positivo acontecerá
certamente, no plano prático e legal”, declarou.
D.
Manuel Clemente citou o Papa Francisco para referir que a “defesa da vida
nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano.
“Como
o Papa não deixa de acrescentar, a defesa da vida em gestação há de ser
prevenida e acompanhada com o apoio concreto às mães gestantes”, prosseguiu.
O
presidente da CEP entende que esta deve ser uma prioridade política “geral”,
ultrapassando o campo confessional estrito, por estar em causa a “base
imprescindível do direito comum de todos”.
“Especialmente
agora, quando uma brusca queda demográfica põe em causa a própria sobrevivência
harmónica e socialmente garantida da nossa população inteira”, acrescentou.
O
cardeal-patriarca de Lisboa espera que todos os que se propõem “servir
politicamente” o país se pronunciem sobre as questões relativas à “salvaguarda
da vida humana em todas as suas fases, à promoção da vida familiar e à educação
dos filhos, ao trabalho e ao emprego, à saúde e segurança social para todos, à
integração dos imigrantes e ao diálogo sociocultural inclusivo”.
“É
imprescindível que os partidos e candidatos apresentem propostas concretas e
consistentes para a resolução dos problemas que enfrentamos e se evite trocar
causas por casos”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa, no discurso de abertura
da 186.ª assembleia plenária do organismo episcopal, que decorre até
quinta-feira.
As
eleições para a Assembleia da República em Portugal vão ocorrer este ano numa
data a definir pelo presidente, entre 14 de setembro e 14 de outubro; as eleições
presidenciais, por sua vez, vão realizar-se no início de 2016.
Neste
contexto, o presidente da CEP recordou que a sociedade portuguesa “entrará em
breve num período de reflexão e decisões políticas” que requerem “uma
particular atenção” de todos.
Os
representantes da Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) ‘Lei de Apoio à
Maternidade e à Paternidade – do Direito a Nascer’ foram recebidos a 23 de
março pelo presidente da República.
“Propõem-se
diversas alterações legislativas para maior proteção da maternidade e da
paternidade, incluindo a revisão da regulamentação da lei do aborto”, precisa a
ILC, que pretende também “medidas favoráveis à natalidade”, com a consciência
de que ela representa “um grave problema nacional”.
As
cerca de 50 mil assinaturas para o projeto-lei de ‘Apoio à Maternidade e à
Paternidade – do Direito a Nascer’ foram entregues à presidente da Assembleia
da República, Assunção Esteves, no dia 18 de fevereiro, para que este seja
apreciado e votado pelos deputados.
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