PADROEIRO DA DIOCESE DE ANGRA LEMBRADO ESTA SEXTA FEIRA
Dia 22 de maio assinala-se festa do Beato
Baptista Machado
A
Diocese de Angra celebra esta sexta feira, dia 22, a festa do seu padroeiro o
Beato João Baptista Machado, informa uma nota da Cúria diocesana enviada ao
Sítio Igreja Açores onde se dá conta das leituras e orações que devem ser
feitas nesse dia.
Beato
João Baptista Machado, presbítero, mártir, nasceu em Angra do Heroísmo entre
1580 e 1582 e foi baptizado na Sé.
Reconhecido
pela Igreja Universal, e conhecido a nível mundial, a devoção à sua causa foi
impulsionada na segunda metade do século XX, com um pedido de canonização
entregue em mão a São João Paulo II, quando esteve nos Açores, em 1991 e, desde
então destacam-se várias iniciativas que materializam a devoção a este beato
por parte dos católicos açorianos.
João
Baptista Machado é um dos sete mártires do Japão, juntamente com Ambrósio
Fernandes (Porto), Francisco Pacheco (Ponte de Lima), Diogo de Carvalho
(Coimbra), Miguel de Carvalho (Braga), Vicente de Carvalho e Domingos Jorge que
aguardam a canonização.
João
Baptista Machado nasceu nos Açores na ilha terceira em 1582, filho de Cristóvão
Vieira e de Maria Cota da Malha, uma família ligada à mais antiga e distinta
aristocracia da ilha Terceira. Foi baptizado na Sé de Angra, em 15801 2 cuja
escola frequentou até aos 15 anos, idade com que parte para Lisboa e depois
Coimbra.
Estudou
no colégio da Companhia de Jesus de Coimbra, a onde chegou no ano de 1597, com
apenas 17 anos de idade. Depois partiu para a Índia em 1601, com outros 15
companheiros jesuítas.
No
Oriente continuou a frequentar os estudos dos colégios da Companhia de Jesus,
tendo estudado Filosofia em Goa e Teologia em Macau, sendo ordenado sacerdote
em Goa.
Partiu
como missionário para o Japão em 1609, já quando ordens do imperador japonês
determinavam que os missionários cristãos deveriam abandonar o território nipónico.
Depois
de estudar a língua japonesa no Colégio Jesuíta de Arima, iniciou as suas
tarefas de missionação, acabando por se fixar na cidade de Gotō, no sul do
arquipélago japonês.
Resolveu
permanecer no Japão após ter recebido em 1614 ordem imperial para abandonar as
ilhas. Passou, então, a missionar na clandestinidade, trabalhando, disfarçado,
para acudir às necessidades espirituais das comunidades cristãs japonesas
existentes no sul do arquipélago. Em Abril de 1617 foi descoberto e preso
quando confessava um grupo de cristãos.
Foi
levado para a cidade de Omura, nos arredores de Nagasaki, e encarcerado na
prisão de Cori, sendo executado por decapitação a 27 de Maio de 1617, no monte
Obituri, juntamente com cerca de 100 cristãos de várias congregações.
Por
coincidência, aquele dia era o Domingo da Santíssima Trindade, nos seus Açores
natais o dia do Segundo Bodo, do ano de 1617.
Com
ele foi executado o franciscano português frei Pedro da Assunção. Rezam as
crónicas que aceitou com serenidade a morte, considerando-a um martírio. Tinha
então 37 anos de idade, estando há 20 anos na Companhia de Jesus, há 16 anos no
Oriente e há 8 anos no Japão.
O
Papa Pio IX beatificou-o, a 7 de Maio de 1867, juntamente com outros 205
mártires vítimas da mesma perseguição, num grupo que ficou conhecido como os
Beatos Mártires do Japão.
Esta
designação engloba 205 mártires executados no Japão entre 1617 e 1632, durante
a repressão anticristã desencadeada pelos shoguns Tokugawa Hidetada e Tokugawa
Iemitsu em Nagasaki e Tóquio.
No
Martirológio Romano, são conhecidos sob o nome de Beato Carlos Spínola e
Companheiros Mártires no Japão, com comemoração a 8 de Junho. Ao todo, são 166
cristãos leigos, quase todos japoneses, e 39 sacerdotes, dos quais 13 são
jesuítas, 12 são dominicanos, 8 franciscanos, 5 agostinhos e 1 sacerdote
diocesano japonês.
Por
diligências do bispo D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel realizou-se a
30 de Abril de 1876, na igreja do Colégio dos Jesuítas de Angra, a primeira
festividade Pontifical em honra do glorioso mártir cristão beato João Baptista
Machado, cuja imagem aquele bispo ofertara e nesse dia benzera, proclamando-o
patrono da cidade, da ilha e da diocese.
Em
1962 foi declarado pelo papa João XXIII protector especial da Diocese de Angra,
sendo 22 de Maio a sua data de veneração. Quando houve em Angra do Heroísmo uma
exposição dedicada ao emigrante açoriano, a comissão, presidida por José
Agostinho, com o apoio das autoridades eclesiásticas, escolheu João Baptista
Machado para patrono dos emigrantes açorianos.
A
Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, na altura presidida por
Agnelo Ornelas do Rego, declarou beato João Baptista Machado como patrono do
Distrito de Angra e promoveu, durante anos, no dia 22 de Maio, uma sessão
solene em sua homenagem. Com a extinção do distrito, tal prática caiu em
desuso.
A
primeira obra conhecida que biografa João Baptista Machado deve-se ao jesuíta
António Francisco Cardim, que louvou João Baptista Machado na sua obra Elogios,
e ramalhetes de flores borrifado com o sangue dos mártires da Companhia de
Jesus, a quem os tiranos do Império de Japão tiraram as vidas, publicada em
1650.
O
tema foi retomado recentemente na obra Mártires do Japão, do arquitecto Eduardo
Khol de Carvalho, durante anos Conselheiro Cultural de Portugal no Japão e
Professor de Estudos Portugueses na Universidade de Estudos Estrangeiros de
Quioto. Para além destes, estão publicados dois livros sobre a sua vida, obra e
martírio, para além de variados artigos dispersos.
Além
de ter sido declarado Padroeiro principal da Diocese de Angra, a sua imagem
está exposta em várias igrejas da diocese e na diáspora açoriana, em esculturas
e vitrais.
Dá
nome a uma rua na cidade de Angra e a uma «canada» na freguesia da Ribeirinha.
Empresta, ainda, o seu nome a um Jardim-de-infância, a uma Escola do 1º Ciclo,
um Centro Residencial Juvenil e uma Cooperativa de Consumo. Tem um
monumento estátua numa praça pública da
cidade de Angra. A sua vida está representada em peça de teatro e em dança de
espada.
Há
uma comissão diocesana para a Causa da canonização, estando publicados dois
livros sobre a sua vida, obra e martírio, para além de variados artigos
dispersos.
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