AÇORIANOS MANTÉM TRADIÇÃO DO PÃO POR DEUS
Escolas promovem
festa de Halloween, mas não esquecem o Pão por Deus
O
Pão por Deus nos Açores, que se assinala este domingo, dia 1 de novembro, é uma
“tradição muito viva”, impulsionada pelas escolas católicas e que está a ser
recuperada como uma tradição cultural pelas escolas do ensino público regional,
sobretudo as do ensino básico.
O
Pão por Deus por ser este ano num domingo, a sua comemoração nas escolas é
antecipada para a sexta feira, dia 30 de outubro.
No
Colégio de Santa Clara, em Angra do Heroísmo, por exemplo, as crianças dos 4 e
5 anos (cerca de 100) vão sair da escola e pedir Pão por Deus.
“Geralmente
deslocam-se aos serviços dos pais e é aí que fazem o pedido” disse ao Sítio
Igreja Açores a diretora do Colégio, Ir. Helena Godinho, sublinhando que no
Colégio estimula-se “muito” estas tradições.
Todas
as crianças desta instituição de ensino são convidadas a fazer “sacas”
tradicionais, embora cada vez mais “se utilizem produtos reciclados até para
sensibilizar para o ambiente”. Este ano, de resto, as sacas feitas neste
colégio são maioritariamente inspiradas no tema do Plano anual de atividades
que é a “Terra, nossa casa comum”, precisou ainda a responsável.
A
tradição do Pão Por Deus remonta a 1756, um ano depois do sismo que devastou
Lisboa. A pobreza que atingia a capital agravou-se com a destruição provocada
pelo abalo de terra e um ano depois os lisboetas saíram à rua para pedirem Pão
por Deus para “matar” a fome.
Nas
décadas de 60 e 70, por imposição da ditadura do Estado Novo, o Pão Por Deus só
podia ser pedido por crianças, menores de 10 anos e, apenas, até ao meio dia.
Pão,
frutos secos e agora guloseimas é o que costuma ser pedido pelos mais novos
que, inclusivamente, se arranjam com sacos bem decorados para irem para a rua
pedir.
Hoje,
o Pão por Deus mistura-se um pouco com uma outra tradição pagã, o Halloween,
importada dos países anglo saxónicos e introduzida no país pelos professores de
inglês.
A
noite das bruxas leva à rua centenas de crianças que pedem guloseimas. Só que
ao contrário das doçuras ou travessuras, no Pão Por Deus, tradição católica, as
crianças pedem e se por acaso nada lhes é oferecido não ripostam com qualquer
travessura.
O
Pão por Deus, juntamente com as romarias aos cemitérios para depositar flores
(crisântemos) nas campas, é um dos hábitos do primeiro de Novembro, dia em que
a Igreja Católica celebra Todos Os Santos.
Nesta
solenidade litúrgica, lembram-se conjuntamente “os eleitos que se encontram na
glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente, como refere a
Enciclopédia Católica Popular.
As
Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração
conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na
semana a seguir.
No
Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13
de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o
Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.
A
data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século
VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno,
tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835),
provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).
Segundo
a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e
juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta:
recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos
secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de
pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.
O
feriado de Todos os Santos é um dos quatros que foi eliminado em Portugal, como
resultado do “entendimento excecional” entre a Santa Sé e o Governo português,
até 2018.
Fonte:
IA
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