PAPA APELA À ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE E À SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES PREVISTAS
Francisco diz que Jubileu da
Misericórdia deve gerar «cultura da vida»
O Papa Francisco apelou hoje à
“abolição” da pena de morte em todo o mundo, enquadrando esta decisão na
celebração do ano santo extraordinário, o Jubileu da misericórdia, em defesa de
uma cultura de “respeito da vida”.
“Apelo à consciência dos
governantes, para que se chegue a um consenso internacional pela abolição da
pena de morte e proponho aos que entre eles são católicos que cumpram um gesto
corajoso e exemplar: que nenhuma condenação seja executada neste Ano Santo da
Misericórdia”, declarou, perante milhares de fiéis reunidos no Vaticano para a
recitação da oração do ângelus.
Francisco associou-se no Vaticano
a um congresso internacional que vai decorrer esta segunda-feira em Roma, ‘Por
um mundo sem pena de morte’, promovido pela comunidade católica de Santo
Egídio.
“Desejo que este congresso possa
dar um novo impulso ao compromisso pela abolição da pena capital”, disse.
O Papa considerou como um “sinal
de esperança” que a opinião pública seja cada vez mais “contrária” à pena de
morte, mesmo como instrumento de “legítima defesa social”.
“Com efeito, as sociedades
modernas têm a possibilidade de reprimir eficazmente os crimes sem eliminar
definitivamente a quem os que cometeu a hipótese de redimir-se. Que o problema
seja enquadrado na ótica de uma justiça penal que seja cada vez conforme à
dignidade do homem e ao projeto de Deus para o homem e a sociedade”,
acrescentou.
Segundo o Papa, o mandamento de
‘não matar’ tem um valor “absoluto”, tanto para o inocente como para o culpado.
“O Jubileu extraordinário da
Misericórdia é uma ocasião propícia para promover no mundo formas cada vez mais
maduras de respeito pela vida e pela dignidade de todas as pessoas: também o
criminoso mantém o direito inviolável à vida, dom de Deus”, defendeu.
Francisco convidou todos os
cristãos e “homens de boa vontade” a trabalhar em conjunto pela abolição da
pena de morte e pela melhoria das “condições prisionais, no respeito pela
dignidade humana das pessoas privadas da liberdade”.
Além deste pedido, o Papa
surpreendeu os presentes reunidos na Praça de São Pedro com a oferta de um
“remédio espiritual”, a ‘misericordina’, distribuindo simbolicamente pequenas
embalagens, como as dos medicamentos.
“Já o fizemos uma vez, mas esta é
de melhor qualidade, é a Misericordina Plus”, gracejou Francisco, evocando o
gesto similar que tinha sido efetuado no mesmo local, em novembro de 2013.
A caixa foi distribuída por
pobres, refugiados e sem-abrigo, contendo um terço e uma imagem de Jesus
Misericordioso.
O objetivo é propor aos fiéis
católicos a recitação do chamado ‘terço da Divina Misericórdia’, uma devoção
católica baseada nas visões de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), canonizada
por João Paulo II em 2000.
Francisco explicou que a Quaresma,
período de preparação para a Páscoa, é “um tempo propício para cumprir um
caminho de conversão, que tem como centro a misericórdia”.
“Recebam este presente como uma
ajuda espiritual para difundir, especialmente neste Ano da Misericórdia, o
amor, o perdão e a fraternidade”, acrescentou.
O Papa associou-se depois a uma
iniciativa da Comunidade Papa João XXIII, que na próxima sexta-feira vai
promover em Roma uma Via-Sacra “de solidariedade e de oração pelas mulheres que
são vítima do tráfico humano”.
O encontro de domingo para a
recitação do ângelus começou com uma evocação da mais recente viagem
internacional do Papa, que o levou a Cuba e ao México de 12 a 17 de fevereiro.
Francisco recordou o encontro com
o patriarca ortodoxo de Moscovo, Cirilo, que decorreu em Havana, considerando
que este acontecimento inédito “é uma luz profética da ressurreição, da qual
hoje o mundo tem mais necessidade do que nunca”.
Em relação à visita ao México, o
Papa recordou os vários problemas que atingem o povo deste país, “ferido,
oprimido, desprezado, violado na sua dignidade”, afirmando que “a luz da fé que
transfigura os rostos e ilumina o caminho”.
CR/Ecclesia
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