D. AURÉLIO GRANADA ESCUDEIRO PARTIU FAZ HOJE 4 ANOS
Faz
hoje 4 anos que foi a sepultar D. Aurélio Granada Escudeiro. Nunca me esqueço
da sua personalidade forte e ao mesmo tempo humilde. Por isso, deixo, mais uma
vez, esta lembrança!
D.
Aurélio: firme e humilde!
D.
Aurélio Granada Escudeiro marcou os Açores de forma muito concreta e segura.
Durante 22 anos, que começaram poucos meses depois da Revolução de Abril de
1974, viveu, sentiu e marcou os grandes acontecimentos da vida dos Açores, as
grandes transformações e os grandes anseios que tomava como seus e a que se
dedicava, dentro do que lhe competia, na palavra e na orientação.
Intransigente
nos princípios, era porém profundamente humano e compreendia como poucos a
sociedade que saía do nascimento de novos tempos, no Ocidente e nos Açores em
concreto. Não foi, muitas vezes compreendido, mas nunca acusou qualquer
ressentimento. Procurava ultrapassar os contratempos de uma governação difícil
de uma diocese dispersa, mas nunca confundiu diálogo com cedência de autoridade
e quem seguia a vida da diocese sentia que havia um rumo concreto, seguro e
disciplinado, que se espelhou nas profundas mudanças que se deram, desde a
realização do Congresso dos leigos, até à criação dos Conselhos Pastorais e
presbiterial, passando pela renovação do Seminário de Angra, após o sismo de
1980, pela reconstrução das igrejas, nas ilhas afectadas, sem com isso
descuidar a presença eclesial no campo social, trazendo congregações religiosas
para a Região, com especial destaque para a vinda das Clarissas para o Mosteiro
das Calhetas, e fazendo com que pela primeira vez em 500 anos, solo açoriano
fosse pisado por um Papa, como aconteceu em 11 de Maio de 1991, em Angra e
Ponta Delgada, com a visita de João Paulo II.
D.
Aurélio tinha no sangue o gene da Acção Católica que tanto ajudou a incrementar
em Portugal e nos Açores e era um Homem culto e de ampla visão social, com
especial enfoque para o fenómeno das migrações. Visitou as comunidades
açorianas dispersas pela diáspora, levando-lhes palavra e alento e trouxe aos
Açores nomes grandes de figuras que sendo ou não naturais dos Açores, lidavam
de perto com as nossas comunidades. Chegou mesmo a ser presidente da Comissão
das Migrações da Conferência Episcopal Portuguesa.
As
suas notas pastorais, doutrinais, simples, mas eivadas de profundo conceito e
citações. São documentos que não morrem e que marcam posições da igreja
açoriana, por vezes difíceis, ante muitos acontecimentos.
Mesmo
não se concordando com algumas das suas orientações, há que reconhecer nesta
hora que estamos perante uma figura marcante nos Açores e que merece, da parte
da Diocese, em primeiro lugar e da parte da sociedade civil, digna perpetuação,
como sinal de alguém que adoptou esta terra como sua, fez das nossa tradições
as suas tradições e vibrou como vibra um açoriano com o culto ao Senhor Santo
Cristo, ao Espírito Santo, ou à Senhora dos Milagres, na Serreta, ou Bom Jesus
no Pico.
D.
Aurélio fica como alguém que amou os Açores na igreja que lhe foi confiada e
muito ajudou a satisfazer um anseio antigo, secular mesmo, dos Açorianos: que a
diocese viesse a ter, pela segunda vez na história, um bispo diocesano natural
dos Açores, o que veio a acontecer com D. António Sousa Braga, seu sucessor.
E
tudo, com humildade e sem alardes como era timbre do Bispo de Alcaíns!
Descanse
na Casa do Pai, Senhor D. Aurélio!
Por: José Manuel Santos Narciso
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