BISPO DE ANGRA DESTACA “FIGURA INVULGAR” E UMA “PERDA PARA A IGREJA E PARA A SOCIEDADE”
D. Arquimínio
Rodrigues da Costa faleceu esta tarde em São Mateus, na ilha do Pico
O
bispo de Angra lamenta “profundamente” o falecimento do último bispo português
D. Arquimínio Rodrigues da Costa, que faleceu esta tarde na ilha do Pico,
Açores, aos 92 anos de idade.
“Foi
uma figura invulgar” e a sua morte representa “uma perda para a igreja e
sociedade”, disse ao Sítio Igreja Açores D. João Lavrador.
“Do
ponto de vista pessoal foi um exemplo de pastor e recordo, sobretudo depois da
sua resignação, a forma humilde e simples com que continuou ao serviço da igreja
regressando à sua terra natal e ajudando nos trabalhos da paróquia”.
D. Arquimínio Rodrigues da Costa é natural do Pico, onde nasceu, cresceu e haveria de morrer, depois de ter estado acamado, com uma saúde muito fragilizada já há alguns anos, sendo acompanhado por uma sobrinha a quem “a diocese e eu particularmente agradecemos de uma forma muito especial pelo carinho e conforto que deu ao D. Arquíminio que nunca ficou privado do calor e da proximidade familiar” disse ainda o prelado.
Para
o ouvidor eclesiástico do Pico, Pe Marco Martinha, o momento também é de
consternação.
Terá
sido porventura o sacerdote que nos últimos anos mais próximo esteve do bispo
emérito de Macau.
“Todos
os domingos lhe levei a comunhão e a forma devota como comungava o corpo de
Cristo, mesmo no leito do sofrimento, mostrava bem a sua devoção eucarística”
refere o sacerdote em declarações ao Sítio Igreja Açores.
“Era
um grande bispo, um grande homem, um grande cristão e um bom amigo” referiu
ainda lembrando quer o contacto que teve com ele como seminarista quer depois
como pároco e ouvidor eclesiástico da ilha do Pico.
“Era
um homem que na sua simplicidade e humildade prestou um enorme serviço à
igreja”.
O
funeral de D. Arquimínio será amanhã, no Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico,
em São Mateus, onde ficará já esta noite em câmara ardente.
O
bispo emérito de Macau, último bispo português da região, D. Arquimínio
Rodrigues da Costa fixou residência na ilha do Pico, na freguesia de São
Mateus, em janeiro de 1989.
O
pedido de resignação de D. Arquimínio Rodrigues da Costa foi aceite a 6 de
outubro de 1988 pela Santa Sé e um mês depois foi condecorado com o grau de
Grã-Cruz da Ordem de Mérito, por Aníbal Cavaco Silva, então Primeiro-Ministro,
a 7 de novembro.
O
Governo português já tinha condecorado o agora bispo emérito de Macau com o
grau de Grande Oficial da Ordem de Benemerência, a 10 de junho de 1984, e a
Universidade da Ásia Oriental de Macau atribuiu-lhe o título Doutor Honoris
Causa em Filosofia em 1986.
O
prelado nasceu a 8 de julho de 1924, em São Mateus, na ilha do Pico e “quando
aprendeu as primeiras letras”, refere o sítio informativo da Igreja de Angra,
foi levado para o seminário de São José, em Macau, “onde fez com distinção
todos os seus estudos eclesiásticos completando teologia em junho de 1949”.
“Professor
competentíssimo, sacerdote cheio de humildade, é tido como poliglota, com
destaque para o mandarim e cantonês, em que fala e prega fluentemente”, destaca
a referida nota.
Foi
ordenado sacerdote quatro meses depois da conclusão dos estudos, a 6 de Outubro
de 1949.
Arquimínio
Rodrigues da Costa frequentou também o curso de direito canónico, na Pontifícia
Universidade Gregoriana em Roma, Itália, e concluiu a licenciatura em 1959.
Segundo
o sítio Igreja Açores, a Igreja Católica de Macau viveu “tempos conturbados”
com a Revolução Cultural chinesa de Mao Tse Tung e os “os alunos do seminário,
e os professores foram transferidos para o território vizinho de Hong Kong”.
O
sacerdote português foi nomeado bispo de Macau pelo Papa Paulo VI, em 1976,
depois de ter sido nomeado governador do bispado em 29 de Agosto de 1963 e
depois em 1965, no período do Concílio Vaticano II.
Fonte:IA
Povoação,
12 de setembro de 2016.
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