ESCOLAS CATÓLICAS CONTESTAM PROJETOS DE «TOTALITARISMO EDUCATIVO» DO ESTADO
Alterações nos
contratos de associação colocam em risco mais de uma dezena de colégios, a
curto e médio prazo
O
presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), padre Querubim
Silva, afirmou que o “totalitarismo educativo” do Estado português colocou em
risco a sobrevivência de vários colégios, sobretudo a partir das alterações nos
contratos de associação. Nos Açores a situação não se coloca para já porque os
colégios privados têm contratos simples e não de associação com o Governo
regional dos Açores.
“Podemos
prever que, a médio prazo, poderão continuar a prestar serviço público de
educação apenas entre 5 a 10 escolas privadas católicas, se, entretanto, o
projeto de absorção total do espaço educativo por parte do Estado não vier a
ser concluído”, escreve o sacerdote, em artigo publicado hoje na mais recente
edição do Semanário ECCLESIA.
Para
este responsável, o panorama da Educação em Portugal é “confuso e muito
preocupante”.
“Nesta
encruzilhada são apanhadas também as Escolas Católicas”, observa o presidente
da APEC.
O
atual Governo decidiu-se pela não abertura de novas turmas de início de ciclo
já neste ano letivo em vários colégios com contratos de associação.
Em
causa estão os contratos que o Estado celebra com escolas privadas para
permitir a frequência dos colégios em condições de gratuitidade, como oferta
educativa pública equiparada à das escolas estatais (contrato de associação),
onde a rede pública é insuficiente.
O
presidente da APEC explica que havia em 2015/2016 um total de 27 escolas com
contratos de associação: uma delas já encerrou, outras 11 “perderam todas as
turmas em início de ciclo” e outras oito “sofreram redução de turmas em início
de ciclo”.
“Esse
número de escolas perdeu 94 turmas, que acolheriam 2571 alunos. Em face do
presente, 12 dessas escolas poderão encerrar, a menos que venham a ter alunos
suportados por pagamento de propinas”, precisa o padre Querubim Silva.
A
Associação Portuguesa de Escolas Católicas, conclui, “acompanha com apreensão
todo este desenrolar de acontecimentos”, questionando a intenção de “impor a
unicidade educativa dirigida pelo Estado”.
Esta
semana, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa alertou para
as “graves consequências” que derivam da não abertura de novas turmas de início
de ciclo, já neste ano letivo, em vários colégios com contratos de associação.
“A
posição da Igreja é que os contratos são para ter em conta”, disse o padre
Manuel Barbosa, porta-voz do episcopado católico, no final da reunião do
organismo, apontando para “um problema de fundo, mais abrangente”, o “direito
dos pais a escolher a educação dos filhos”.
Já
o presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé considerou
que “não houve esclarecimento” sobre a revisão dos contratos de associação,
lembrando que estes pretendiam “oferecer educação” onde não havia escola
pública.
“Não
havia qualquer interesse da Igreja, foi um serviço prestado à sociedade, com
qualidade. Essas escolas hoje são desejadas pelos pais porque têm
acompanhamento pessoal, as crianças, adolescentes, jovens estão em família, têm
propostas”, disse D. Manuel Pelino, bispo de Santarém.
Nos
Açores a situação é distinta: o ano letivo começou na passada quarta feira, dia
14 sem alterações aos contratos com os colégios privados, dois deles católicos-
os colégios de Santa Clara, na ilha Terceira e São Francisco Xavier em Ponta
Delgada.
A
diferença entre os contratos do estado com os colégios privados e os da região
prende-se, entre outros, com a forma de financiamento.
No
arquipélago as escolas privadas do primeiro e segundo ciclo recebem um valor
fixo por cada aluno (100 euros no primeiro ciclo e 200 no segundo ciclo) e os
pais pagam uma mensalidade que é calculada em função do custo real de cada
aluno na instituição, descontado o subsídio que a escola recebe do Governo
Regional, sendo igual para todos o valor dessa mensalidade.
O
número de estudantes que frequenta o primeiro e segundo ciclos nestes dois
colégios católicos, no arquipélago, não ultrapassa os mil alunos.
(Fonte:
IA Com Ecclesia)
Povoação,
Segunda-feira, 19 de Setembro de 2016.
Comentários
Enviar um comentário