PORQUE RAZÃO OS GOVERNOS PREJUDICAM OS POVOS QUE GOVERNAM?
Muitos governos prejudicam os povos que governam. Percebemo-lo nas
crises reportadas pela história, confirmamo-lo nas notícias e sofremo-lo quando
os governos gastam mal as verbas que pagamos com impostos, dívidas do Estado e
inflação.
Há sistematicamente uma
negação de culpa. O governo de Bruxelas continua a não perceber que a culpa do
Brexit é sua porque as suas políticas prejudicaram os cidadãos mais integrados
na Europa que vivem no Reino Unido e que votaram para sair da Europa. Em Madrid
não se entende que uma capital pode não ser a maior cidade do País como
acontece em muitos outros países e, sub-repticiamente, impedem Barcelona de o
ser, revoltando naturalmente a maioria dos Catalães. Em Portugal os governos
insistem em gastar para além das suas posses ganhando eleições com gastos
demagógicos e provocando estagnação, desemprego, emigração e pobreza. Nos os
Açores os Governos prejudicam-nos mais do que nos beneficiam. Mota Amaral minou
uma cooperação transparente e justa com o Estado atrasando o crescimento que
sucedeu à sua queda. Os governos socialistas mantêm empresas e serviços
estatais ineficientes na energia, nos transportes, da educação e na saúde
degradando o serviço público ou tornando-o incomportável para os cidadãos; pior
que tudo aumentam a dívida em 50 milhões por ano que destrói 4000 empregos por
ano.
Há três falhas seminais
nas governações atuais. Falhas de eficiência na gestão dos serviços públicos,
falhas de equidade geracional na utilização das verbas públicas e falhas de
sustentabilidade institucional no funcionamento da democracia.
As falhas de eficiências
prendem-se com o pressuposto de que os benefícios médios por pessoa devem ser
iguais aos custos médios por pessoa embora a regra certa seja que o último euro
de gasto público deve gerar o mesmo benefício em todas as afetações. Na
verdade, é impossível todos terem os mesmos benefícios médios de abastecimento
de água, de acessibilidade, de energia, de educação, de proteção face a
incêndios e por aí fora, mas – se essa teimosia for levada à frente – existe a
necessidade desses serviços terem de ser providos por monopólios que promovem a
subsidiação cruzada do financiamento dos serviços, acabando por gerar serviços
públicos medíocres e insustentáveis como vemos no nosso país e como temos
conhecimento no colapso de civilizações. Há soluções, mas o poder – com a ignorância
e a corrupção onde está submergido – não as quer tomar: a descentralização
corrige um pouco estas ineficiências; a concorrência entre serviços do Estado
tem um efeito muito benéfico no desempenho de cada um e de todos; e a
compensação na melhoria da produtividade quando ela ocorre é também
fundamental.
As falhas de equidade
geracional são manifestas. Antes do euro pagávamos com inflação as dívidas dos
Governos. Depois do euro as dívidas dos governos foram-se acumulando e, como
foram feitas sem qualquer perspetiva de retorno, continuam a empobrecer-nos com
o que pagamos através dos impostos, em prestações e juros. E para manter um
Estado ineficiente, reivindicador e poderoso mandamos os nossos filhos para a
emigração, mantemo-los em casa porque lhes destruímos os empregos ou
condenamo-los a não terem filhos porque lhes retirámos a esperança da
compensação do seu desempenho. A maldade não tem outro nome, mas também há
soluções. Por um lado, aumentar a produtividade do Estado criando concorrência
nos mercados imobiliários municipais, na energia, no abastecimento de água, nos
aeroportos, portos, escolas e hospitais como aliás já existe entre
Universidades na atração de projetos e de alunos e entre municípios na atração
de investimento e residentes. Por outro lado, premiar o bom desempenho dos
funcionários; por exemplo, pagar aos professores que mais melhoraram em cada
ano o desempenho das escolas – aferido pelas notas das provas globais – em vez
de lhes dar um aumento igual para todos independentemente do seu desempenho;
estou certo que os melhores professores começariam a migrar para as piores
escolas.
As falhas de
funcionamento da democracia são claras na mediocridade crescente dos
representantes parlamentares dos partidos do eixo da governação, na abstenção
crescente das populações e no voto de descontentamento dos partidos de poder
que alastra por todo o mundo. Também há soluções. Peguemos dois bons exemplos
dos Açores. Por um lado, o círculo binominal do Corvo que permitiu o
aparecimento de deputados que todos conhecem e a defesa efetiva dos interesses
do círculo pois o Governo tem que defender os interesses daquela população
porque corre o risco de não ter um seu representante no parlamento se não o
fizer. Por outro lado, o círculo de compensação dos Açores que garante a
proporcionalidade definida na Constituição e anula o voto útil que não revela a
vontade da população dos círculos mais pequenos. Para as eleições nacionais o
que proponho são círculos binominais com uma primeira compensação nos círculos
atuais – distritos e regiões autónomas – e uma segunda compensação a nível
nacional; se assim for os partidos de poder têm que escolher melhores
candidatos em cada círculo binominal e todos são levados a votar porque com os
círculos de compensação estarão muito mais representados na Assembleia.
É bom que os políticos
atuais promovam mudanças que corrijam os erros de eficiência, equidade e
sustentabilidade institucional do sistema atual. Claramente são eles os
responsáveis pelo nosso atraso, dependência, desemprego, desenraizamento e
desesperança.
Por Tomaz Dentinho
Fonte: Igreja Açores
Povoação, sexta-feira, 26
de outubro de 2018.
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