ORDENAÇÃO DE UM NOVO PRESBÍTERO É “DOM” E “DESAFIO” PARA A IGREJA E PARA A COMUNIDADE


«Fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça» (Jo.15, 16)


No próximo dia 30 de Junho, a diocese receberá em alegria e em acção de graças a ordenação presbiteral do Diácono Fábio, natural da Ribeira Grande.

É verdadeiramente motivo de alegria vivida por todo o Povo de Deus. Um sacerdote é um dos maiores dons de Deus à Sua Igreja e, por isso, deve despertar sentimentos de alegria.

Mas, precisamente, porque é um dom que a Igreja diocesana recebe da bondade e da ternura de Deus, merece da parte de todos os baptizados uma actitude de Acção de Graças a Jesus Cristo que chama, que convida à comunhão com Ele e que envia para servir o Povo de Deus.

Na alegria e em Acção de Graças coloquemo-nos em atitude de oração, contemplação e de conversão pessoal e comunitária de modo que os gestos de amor de Deus se traduzam em convite para uma comunhão mais perfeita com Jesus Cristo e com os irmãos e na decisão firme de uma participação mais activa e consciente na comunidade cristã e na missão evangélica no meio do mundo.

Mas a ordenação presbiteral de um jovem que entrega toda a sua vida a Jesus Cristo é também um desafio a todos os baptizados, nomeadamente aos jovens.

O Papa Francisco, na recente Exortação pos-sinodal «Cristo Vive» interpela os jovens dizendo-lhes que «o ponto fundamental é discernir e descobrir que aquilo que Jesus quer de cada jovem é, antes de tudo, a sua amizade» (nº 250). E, acrescenta que «a salvação, que Deus nos dá, é um convite para fazer parte duma história de amor, que está entrelaçada com as nossas histórias; que vive e quer nascer entre nós, para podermos dar fruto onde, como e com quem estivermos» (nº 252).

Tal como aconteceu na primeira hora nas margens do lago da Galileia onde Jesus se cruzou com aqueles que seriam chamados a ser Apóstolos, Ele continua hoje a cruzar-se na vida de cada jovem, a fixar nele o Seu olhar e, na ternura e profundidade desse olhar, chama a segui-Lo.

Por isso, recomenda o Santo Padre aos jovens que procurem aqueles espaços de calma e silêncio que permitam refletir, rezar, ver melhor o mundo em redor e então sim, juntamente com Jesus, poderão reconhecer qual é a sua vocação nesta terra (cfr. CV, 277).

Verdadeiramente a ordenação sacerdotal é um acontecimento na vida da Igreja diocesana que deve motivar todos os educadores e todos os agentes pastorais na tarefa de imprimirem na sua actuação formativa o discernimento e a proposta da vocação, incluindo a sacerdotal.

Para tal, convido as famílias, os párocos e outros sacerdotes, os catequistas, os animadores da pastoral juvenil e os movimentos apostólicos a oferecerem espaços de oração, de reflexão e a despertar o compromisso vocacional junto das crianças e jovens das diversas comunidades cristãs.

Aproveito a recomendação do Papa Francisco para dizer que «há sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, profissionais e até jovens qualificados, que podem acompanhar os jovens no seu discernimento vocacional» (CV., 291).

Mais ainda, acrescente-se que «quando nos toca ajudar o outro a discernir o caminho da sua vida, a primeira coisa a fazer é ouvir» (Ib., 291).

A nossa diocese está empenhada em começar um novo estilo de acção pastoral através da caminhada sinodal. Se este dinamismo deve manifestar-se no empenho e participação de todos os baptizados em todas as áreas da evangelização, ele terá de actuar de modo específico na pastoral das vocações. Isto significa que a comunidade cristã, em todos os seus membros, se sente comprometida pela promoção vocacional, nomeadamente com as vocações sacerdotais.

Tenhamos presente o desafio do Papa Francisco lançado na última Mensagem para o Dia Mundial das Vocações que ao referir-se ao papel da comunidade cristã afirma que «é precisamente na comunidade eclesial que nasce e se desenvolve a existência cristã, sobretudo por meio da Liturgia que nos introduz na escuta da Palavra de Deus e na graça dos Sacramentos; é nela que somos, desde tenra idade, iniciados na arte da oração e na partilha fraterna».

E acrescenta que «precisamente porque nos gera para a vida nova e nos leva a Cristo, a Igreja é nossa mãe; por isso devemos amá-la, mesmo quando vislumbramos no seu rosto as rugas da fragilidade e do pecado, e devemos contribuir para a tornar cada vez mais bela e luminosa, para que possa ser um testemunho do amor de Deus no mundo».

Deste modo, sentimos o desafio a promover comunidades cristãs verdadeiramente ministeriais e despertadoras da vocação de cada um dos baptizados.

Rezemos pelo Diácono Fábio e pelo presbitério da diocese para que sejam verdadeiramente fieis a Jesus Cristo que chama e envia em missão. Comprometamo-nos na edificação de uma comunidade diocesana que escute o apelo de Jesus de Nazaré que continua a chamar e a enviar os seus discípulos em missão para a evangelização do mundo de hoje.

Imploro de Nossa Senhora, Mãe e Rainha dos Açores que abençoe o Diácono Fábio, que o acompanhe ao longo da sua vida sacerdotal e que o faça viver a alegria da doacção a Cristo e à Igreja e que Ela seja modelo do sim com que cada jovem é chamado a responder ao chamamento de Jesus Cristo.

       +João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores

Angra do Heroismo, 10 de Junho de 2019

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