NOTA PASTORAL: «A BELEZA DE CAMINHARMOS JUNTOS EM CRISTO»
Porém, se aparentemente se julga repetir o que se fez em anos passados, na verdade, há um desafio à criatividade em cada ano pastoral que começa. Esta novidade brota sem dúvida das capacidades pessoais partilhadas na comunidade, mas sobretudo da acção do Espirito de Deus que continuamente renova a Sua Igreja.
Exige-se por parte dos baptizados e das comunidades cristãs que estejam atentos ao desafio da novidade que o Espirito Santo lhes provoca.
Este ano pastoral que estamos a iniciar é o primeiro de uma série a que denominamos de «caminhada sinodal» que irá decorrer sob o lema «a beleza de caminharmos juntos em Cristo».
Após cinquenta anos da celebração do Concilio Ecuménico Vaticano II que lançou, e continua a lançar, profundas interpelações à missão das comunidades cristãs e dos cristãos, - Bispo, presbíteros, diáconos, consagrados e leigos -, tendo já uma longa experiência de comunhão e de corresponsabilidade para as quais temos vindo a ser convidados, formados e incentivados ao longo das últimas cinco décadas, sente-se como oportuna a mobilização da diocese, em todos os seus baptizados, para uma participação activa, no pensar e no agir, para responder eficazmente aos desafios que lhe são lançados para a evangelização do mundo de hoje.
A caminhada sinodal – esta expressão quer dizer caminhar em conjunto – começa por escutar, por ver e analisar a realidade envolvente. Assim, neste próximo ano, todos os baptizados e mesmo outras pessoas de boa vontade, são chamados a reflectir sobre a realidade que somos no âmbito social, cultural e eclesial. Ajudados por alguns textos e com um conjunto de interrogações que vão ser lançadas, contribuiremos para um juízo mais aprofundado da situação concreta em que se encontram os Açores e nomeadamente a Igreja diocesana com as suas comunidades e fiéis.
Para que seja um caminho feito em comum, convocam-se todos os baptizados, todos os conselhos pastorais, todos os conselhos económicos, todos os movimentos apostólicos, todos os serviços diocesanos, todas as comunidades de vida consagrada e religiosa, todas as instituições de humanismo cristão (nomeadamente as misericórdias), centros sociais paroquiais, todos os grupos paroquiais e outros, para que façam a reflexão que lhes é proposta e que enviem as suas respostas para a Comissão Coordenadora da Caminhada Sinodal.
Mas também, onde seja possível, estimulem-se os diversos grupos e pessoas da sociedade e da cultura a que debatam os temas propostos para nos ajudarem, com a sua sensibilidade, a melhor dialogarmos com o mundo de hoje oferecendo-lhe uma Igreja mais próxima e atenta, acolhedora e em actitude de serviço à pessoa e à sociedade.
A síntese destas respostas com a ajuda de estudos científicos acerca da realidade social, cultural e eclesial da nossa diocese, será submetida à reflexão dos Conselhos Pesbiteral e Pastoral Diocesanos, que em reunião conjunta proporão os caminhos a seguir para a caminhada sinodal de modo a fazer uma verdadeira experiência de comunhão e de corresponsabilidade na missão evangelizadora das comunidades paroquiais, instituições, movimentos, serviços e grupos.
Que todos e cada um dos cristãos se sintam empenhados em oferecer o seu contributo apara o rejuvenescimento da nossa Igreja e das nossas comunidades.
Lanço um particular convite aos jovens que começam a entusiasmar-se pela sua participação nas Jornadas Mundiais de Lisboa 2022 para que sejam os primeiros a oferecerem os seus sonhos e o seu entusiasmo, a sua coragem e o dinamismo da sua fé para nos ajudarem a rejuvenescer a Igreja diocesana, as comunidades paroquiais, os grupos e os movimentos apostólicos.
A caminhada sinodal que vamos iniciar tem os olhos postos nos jovens e por isso queremos ser Igreja segundo os seus ideais que uma vez em comunhão com Jesus de Nazaré rasgam novos horizontes para a Igreja do futuro.
Os sacerdotes têm neste caminhar sinodal um papel imprescindível. Estou seguro de que todos irão dedicar o melhor das suas energias e capacidades na mobilização, no acompanhamento, na formação, na coordenação e na experiência de comunhão e corresponsabilidade que se exigem neste percurso eclesial.
A caminhada sinodal é essencialmente uma experiência de comunhão de todos os baptizados, de participação dinamica de todos os cristãos, de partilha de dons e capacidades entre todos os membros da comunidade cristã e edificação de comunidades que pela participação activa e consciente da Eucaristia se tornam no meio do mundo testemunhas do amor de Deus revelado em Jesus Cristo.
Solicito desde já a atenção para os encontros de apresentação do plano pastoral deste próximo ano, cuja convocatória já foi enviada a todos os sacerdotes e através dos quais também são convocados os leigos, consagrados, movimentos, serviços diocesanos e instituições para igual encontro em data já indicada.
Coloco esta caminhada sinodal no regaço de Nossa Senhora Mãe da Igreja, Nossa Senhora Mãe e Rainha dos Açores, para que acolha os nossos propósitos e junto do Seu Filho nos alcance a graça da sua concretização. Imploro a protecção do Beato João Baptista Machado, nosso padroeiro, para que na fortaleza do seu martirio encontremos inspiração para nos abrirmos à novidade do Evangelho e que dele sejamos dignas testemunhas.
Oração pela caminhada sinodal na Diocese de Angra
Senhor, Pai Santo,
Que colocaste no mundo, como fermento,
A força do Evangelho;
Concede à tua Igreja de Angra, nos Açores
Convocada em teu nome
Para a caminhada sinodal,
A graça de progredir no amor e na unidade,
De se renovar na diversidade das suas comunidades,
Movimentos e instituições;
De modo que seja sempre instrumento
Da presença de Jesus Cristo no mundo.
Que pela ação do Santo Espírito
Perdure até ao fim na nossa comunidade diocesana
A integridade da fé,
A santidade de vida,
E a caridade fraterna.
Que nos guie neste caminho
O Beato João Batista Machado, nosso padroeiro
E nos acompanhe sempre o amor maternal da Virgem Maria,
Mãe e Rainha dos Açores.
Nós Te pedimos por Santo Cristo, Senhor Nosso.
Ámen.
Angra do Heroismo, 3 de Setembro de 2019
+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores
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