PODER QUE NÃO É SERVIÇO “É UM MAL INTRÍNSECO”, ALERTA PE JÚLIO ROCHA
Formação de agentes
pastorais na ouvidoria das Capelas sobre a Alegria do Evangelho está a ser
orientada pelo professor de Teologia Moral
O
poder “qualquer que seja”, da igreja à política, se não for serviço ”é obra do
mal e por isso é um mal intrínseco”, disse esta segunda feira o Pe Júlio Rocha
na primeira sessão formativa de agentes pastorais da ouvidoria das Capelas, na
ilha de São Miguel.
O
professor de Teologia Moral do Seminário Episcopal de Angra está a orientar a
formação sobre a Alegria do Evangelho e os desafios propostos pelo Pontificado
do Papa Francisco, a partir da sua exortação apostólica, e no primeiro de dois
dias de conferências, afirmou que “todo o poder tem de estar ao serviço do
outro, preferencialmente dos mais pobres” e “esse é o grande desafio recolocado
de uma forma central pelo Papa Francisco”.
O
Conferencista que dividiu a sua intervenção em duas partes distintas, “uma mais
teórica e outra mais prática”, abordou as questões relacionadas com a fé, “uma
fé realista” que seja “compromisso e não apenas consolo”.
“A
essência da fé é muito mais que consolo; é um compromisso com a vida de forma a
que uma e outra não andem desenraizadas, pois o Céu que temos de construir é na
Terra porque são as coisas do mundo e o que cá fazemos que nos elevam para
Deus”, disse o Pe Júlio Rocha.
Numa
assembleia participada, maioritariamente feminina e representativa de todas as
paróquias da ouvidoria da costa norte de São Miguel, o sacerdote, doutor em
Teologia, desafiou os presentes a “recentar” a fé naquilo que é “essencial”.
“A
fé é um gesto de amor a Jesus e é Ele que deve ser o centro. A função da
Igreja, dos padres, dos leigos, de todos os cristãos é apontar para Jesus, que
é homem e que é Deus transfigurado”, afirmou.
“Tal
como Zaqueu também nós precisamos de `cair ´da árvore e redescobrir o
verdadeiro sentido da conversão “disse o sacerdote lembrando que “mais
importante que a riqueza material é a nossa capacidade de nos darmos aos outros
encontrando em cada irmão o rosto de Deus” porque é “nos pequenos gestos que
podemos ser mais felizes”.
“A
fé significa amar a Deus e isso faz-se não através de celebrações; não através
da construção de templos bonitos e ricos, não através da veneração de imagens,
mas amando o próximo de forma comprometida”, afirmou, ainda, o Pe Júlio Rocha,
retomando uma ideia que já partilhou algumas vezes sobre a essência “nómada” da
fé.
“Muitas
vezes nós rezamos a um Deus que está no Céu, que fomos construindo e que é uma
imagem de Deus e não o Deus real, aquele que nos ama em vez de nos castigar;
que nos acolhe em vez de excluir e que precisa de poucas palavras para nos
ouvir”, disse ainda o teólogo sublinhando a forma como “o Papa Francisco nos
está a chamar para esta tomada de consciência”.
“Ele
pede-nos cada vez mais que rezemos a um Deus que está na Terra e não no Céu; a
um Deus presente e não ausente” e, por isso, se está a transformar “na
personagem do mundo”.
“As
escolhas dos nossos Papas são sempre inspiradas pelo Espírito Santo que sabe em
cada momento escolher a pessoa certa para cada momento”, e “os últimos quatro
ou cinco Papas são exemplo disso”.
“Este,
particularmente, é extraordinário porque o mundo tinha sede de ouvir a igreja a
falar do essencial”, concluiu o sacerdote.
A
formação dos agentes pastorais prossegue esta terça feira no auditório da
cooperativa Agro Capelense, a partir das 20h30, desta feira centrada na
Exortação Apostólica do Papa Francisco, A Alegria do Evangelho.
Fonte:
Igreja Açores
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