LUTO: A MORTE AINDA É UM «TEMA TABU»

«Muitas pessoas atingidas pela perda de um ente querido vivem esse drama sozinhas», afirma José Eduardo Rebelo, fundador da APELO

Aveiro, 31 out 2015 (Ecclesia) - José Eduardo Rebelo, investigador há mais de 20 anos da questão do luto em Portugal, afirma que a “morte ainda é um tema tabu na nossa sociedade”.

À Agência ECCLESIA, aquele responsável frisa que a morte ainda é um tema “tabu” no plano social, o que faz com que muitas pessoas atingidas pela perda de um ente querido vivam esse drama sozinhas, sem apoios.

“Quando somos afetados pela perda de um ente querido, isso significa perdermos segurança, porque aquela pessoa nos dá segurança e bem-estar e entramos num processo de desequilíbrio profundo, porque há o medo do que nos irá acontecer sem aquele alicerce, sem aquelas estacas que nos dão parte do nosso equilíbrio”, refere o professor universitário.

“Então o luto é o tempo que é necessário para nós “arranjarmos” estratégias para encontrar um novo bem-estar, uma nova experiência de bem-estar, um novo equilíbrio”, acrescenta ainda.

Foi com o intuito de ajudar as pessoas nessa recuperação que José Eduardo Rebelo se empenhou na promoção do debate à volta do luto, convidando para isso “colegas de diferentes universidades” para o ajudarem a trazer o tema para a área social e académica.

Na sequência desta aposta, nasceram dois organismos de investigação dedicados ao tema, a Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção do Luto, bem como o Observatório do Luto em Portugal.

José Eduardo Rebelo está envolvido também na “formação de conselheiros e luto” e empenhou-se também na formação de “terapeutas de luto”, para os casos mais difíceis, do foro “psicopatológico”, trabalho que está a ser assumido pela Faculdade de Medicina de Lisboa.

Com o aprofundamento deste tema surgiu a ideia de lançar um congresso para o debate científico do “luto em Portugal”, iniciativa que no próximo ano vai decorrer em Aveiro, nos dias 20 e 21 de maio.

Biólogo de formação, José Eduardo Rebelo começou a investigar a problemática do luto há mais de 20 anos e na sequência de uma “tragédia” pessoal.

“O luto veio até mim e então em face disso decidi que era importante refletir sobre o meu próprio processo de luto”, explica.

Foi nesse contexto que o investigador decidiu fazer um mestrado em psicologia, que concluiu com “uma dissertação” sobre o luto, “talvez uma das primeiras no país”.

Mais tarde, criou em Aveiro a associação “Apelo”, oe Apoio à Pessoa em Luto, uma instituição que “tinha, e continua a ter, como objetivo o apoio a pessoas, famílias e comunidades em luto”, através de “sessões de aconselhamento, de grupos de entreajuda”, entre outros projetos.

A conversa com o fundador da APELO vai ser tema do programa Ecclesia da Antena 1 da rádio pública na próxima sexta-feira, pelas 22h45.


SN/JCP

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