CAPELÃO DO HOSPITAL DE PONTA DELGADA PRONUNCIA-SE SOBRE EUTANÁSIA NO JORNAL CORREIO DOS AÇORES

“As pessoas não querem morrer”, garante o Pe Paulo Borges

“Ninguém quer morrer” se tiver “os cuidados de conforto” necessário numa situação de doença terminal ou incurável, mesmo sofrendo, afirma o Capelão do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, numa entrevista ao jornal Correio dos Açores, no momento em que a questão da Eutanásia volta a estar na ordem do dia.

“A eutanásia é uma questão de alta intensidade mas baixa frequência” garante o Pe Paulo Borges. Em mais de dez anos como capelão do HDES, acompanhou diversas situações e assegura que “as pessoas não querem morrer”. Admite que quem não está diariamente no terreno possa ter uma “percepção errada”, do que realmente sente quem está na dita fase terminal e de sofrimento, pois o problema central “é que nós não sabemos lidar com o sofrimento do outro e isso incomoda-nos”.

“As pessoas têm medo de sofrer mas até hoje, como capelão a minha experiência diz que todas as pessoas, mesmo nos casos mais limites, desde que tenham cuidados de conforto, desde que tenham a medicação adequada e estejam satisfeitas nas suas necessidades básicas, não pedem a eutanásia”.

Por isso questiona: “É mais fácil legalizar a eutanásia ou investir na medicina paliativa?”.

O Pe Paulo Borges, que é também o responsável diocesano pela Pastoral da Saúde não nega que são situações difíceis: “Claro que há sofrimento, claro que há dor, claro que há desamparo mas é exactamente para isso que a medicina existe, que os cuidados de saúde existem”.

Considera, por outro lado,  “quase como uma contradição que a medicina que foi criada para salvar a pessoa, seja usada para eliminar a pessoa” e deixa o alerta para os riscos de “conflitos éticos” que se podem colocar aos profissionais de saúde.

“Não há dignidade nenhuma em matar”, refere o sacerdote sublinhando que “a pior coisa que podemos dizer a uma pessoa é que já não podemos fazer nada por ela”.

Por isso, afirma que “é preciso impedir `a cultura do descartável´”

O Capelão do HDES destaca, ainda, que é preciso para além do acompanhamento do doente, “assegurar o apoio às famílias”, quer na preparação quer na vivência do luto, que é sempre necessário quando se trata deste tipo de casos terminais.

Recordo que a questão da Eutanásia e do suicídio assistido voltou a ser um tema em destaque na opinião pública devido à apresentação de um manifesto a favor do direito á dignidade na morte, subscrito por algumas figuras públicas como a ex Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz;  o ex presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, e investigadores de várias áreas cientificas. De resto, o Bloco de Esquerda já anunciou que vai apresentar na Assembleia da República uma proposta de lei sobre este assunto.

Fonte: IA

Comentários

  1. Eu quero poder decidir o que eu melhor entender. Legalizar essa possibilidade não obriga ninguém a aceitá-la. Eu não interfiro nas decisões dos outros sobre essa matéria, e gostaria que ninguém interferisse nas minhas.

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  2. Quando eu penso em eutanásia e por semelhança o suicídio assistido eu penso em misericórdia, e em pessoas como Rámon Sanpedro que teve de lutar mais de 25 anos para que não castigassem quem lhe ajudasse a por termo á vida. Claro que é um assunto muito sério, claro que é preciso proteger a vida e a saúde de todas as pessoas. Mas para mim é também claro que esta é uma decisão muito pessoal e até técnica (no âmbito da medicina e da justiça) antes de ser uma decisão da sociedade como um todo, quer seja crente, não crente, mais abastada ou pobre. Siga-se os bons exemplos e aprenda-se com os erros que já foram cometidos por paises que discutiram este assunto com seriedade e pensando em primeiro lugar nas pessoas e não nas crenças das suas comunidades. E creio plenamente que se a igreja adoptasse a postura de misericórdia, compreensão e perdão de Cristo, que muitos cristãos se sentiriam confortáveis com esta possibilidade em vez de se sentirem entre a espada e parede.

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